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A Illustre Casa de Ramires

Chapter 10 No.10

Word Count: 16312    |    Released on: 06/12/2017

certeza de que sempre, atravez de toda a sua vida (quasi desd

se renda e se acolha á influencia d'esse mesmo homem, agora Auctoridade poderosa, por elle durante todos esses annos de despeito t?o detestada e chasqueada! Depois abre ao amigo, agora restabelecido na sua convivencia, a porta dos Cunhaes, confiado na seriedade, no rigido orgulho da irm?-e logo a irm? s'abandona ao antigo enganador, sem lucta, na primeira tarde em que se encontra com elle na sombra favoravel d'um caramanch?o! Agora pensa em casar com uma mulher que lhe of

elancolicamente o casaco. Em vida t?o cur

um enternecido suspiro de piedade por aquella sua sorte t?o contrariada, t?o sem soccorro

asa de

flor de

ravez dos tempos-a valentia facil. Seu pae ainda fora o bom Ramires destemido-que na fallada desordem da romaria da Riosa avan?ava com um guardasol contra tres clavinas engatilhadas. Mas elle... Alli, no segredo do quarto apagado, bem o podia livremente gemer-elle nascera com a falha, a falha de peor desdouro, essa irremediav

desde a loja do Ramos até á esquina do Correio! Mas que! mesmo dentro da sua Torre era governado pelo Bento, que superiormente lhe impunha gostos, dietas, passeios, e opini?es e gravatas!-Homem de tal natureza, por mais bem dotado na Intelligencia, é massa inerte a que o Mundo constantemente imprime fórmas varias e contrarias. O Jo?o Gouveia fizera d'elle um candidato servil. O Manuel Duarte poderia fazer d'elle um beberr?o immundo. O Bento facilmente o levaria a atar ao pesco?o, em vez d'uma gravata de seda, uma colleira de couro! Que miseria! E todavia o Homem só vale pela Vontade-só no exercicio da Vontade reside o goso da Vida. Por que se a Vontade bem exercida encontra em torno submiss

redor, batera cavamente as quatro horas. E ent?o, atravez das palpebras cerradas, no confuso can?asso de tantas tristezas

o na pompa d'uma gala-todas dilatadas pelo uso soberbo de mandar e vencer. E Gon?alo, espreitando por sobre a borda do len?ol, reconhecia n'essas faces as veridicas fei??es de velho

ferrugenta, apertados por arnezes d'a?o lampejante, embu?ados em fuscos mantos de revoltas prégas, cingidos por faustosos gib?es de brocado onde scintillavam as pedrarias de

rriam, se juntavam na velha casa de Santa Ireneia nove vezes secular-e formavam em torno do seu leito, do leito em que elle nascera, como a Assembleia magestosa da sua ra?a resurgida. E até

, de crespa barba ruiva, que cantava sacudindo o pend?o real de Castella, quem, sen?o Diogo Ramires, o Trovador, ainda na alegria da radiosa manh? d'Aljubarrota? Deante da incerta claridade do espelho tremiam as f?fas plumas escarlates do morri?o de Paio Ramires, que s'armava para salvar S. Luiz Rei de Fran?a. Levemente balan?ado, como pelas ond

s avós resurgidos a arrenegada Sorte que o combatia e que sobre a sua vida, sem descan?o, amontoava tristeza, vergonha e perda! E eis que subitamente um ferro faiscou na treva, com um abafado brado:-?Neto, doce neto, toma a minha lan?a nunca partida!...? E logo o punho d'uma clar

ncadas contra a Moirama, nos trabalhados cercos de Castellos e Villas, nas batalhas formosas com o Castelhano soberbo... Era, em torno do leito, um heroico reluzir e retinir de ferros. E todos soberbamente grita

ado azul; e o sol já pousava nos arvoredos, nos outeiros distantes, com uma do?ura outomnal. Mas, apesar de lhe respirar allentamente o brilho e a pureza, Gon?alo permaneceu toldado de sombras, das sombras da véspera, retardadas no seu espirito opprimido, como nevoas em valle muito fundo. E foi ainda com um

sima

de moscatel. Cognac muito adocicado, muito excitante... Bom para o Snr. D. Antonio, homemzarr?o pesad

seu dia e t?o flagrante, aquelle dominio que todos sobre elle se a

ando a sua ra??o de cognac! E

lices. Assim n?o convém... Eu tambem

o declarado, o Fidalgo da To

leis. Bebo o cognac q

onta dos dedos, experim

Já me tenho fartado de dizer! Para a

te, mergulhou tam

ferver... Nem para a barba

o com furor. O que! ma

e?o agua quente, pretendo que venha em cach?o. Irra! t

dia da sua violencia. Coitado, n?o era culpa do Bento se a vida lhe andava a elle t?o estragada e sacudida! Depois, em casa t?o antiga, n?o destoava a tradi??o dos antigos ai

voltava com a infusa fumegante. E G

bonito, h

osnou, ai

to b

ia de reatar com o Bento, de lhe restabelecer a sup

o favor, grita ahi ao Joaquim que me tenha a egoa prompta immediatamente. Com certeza me acalma, uma galopada... E no banho agora a agua bem esperta, bem quente. Tambem me acalma a agua

vestia, abriu mais familiarmente ao vel

a jornada... Trago a alma muito carregada, homem! Depois estou farto d'esta eterna Villa-Clara,

ou que o Snr. Doutor brevemente, em Lisboa,

lha... Qual Lisboa!... O que eu necessito é uma viagem im

la imagina??o. E apresentando ao Fid

utor, até a gente as encontra na estrada... Olhe! o paesinho de V. Ex.a, que Deus haja, foi lá em baixo deante do po

s luvas d'anta, m

chicote, ó Bento, dá cá aquelle chicote de cavallo ma

equenos jogavam á bola debaixo das carvalheiras, pensou em visitar o Visconde de Rio-Manso. Certamente lhe concertaria os nervos a companhia de t?o sereno

remitos d'aza que o ro?avam; e tanto era o radiante azul nos ceus serenos que um pouco do seu rebrilho e serenidade s'instillava n'alma. Gon?alo, mais desannuviado, n?o se apressava: na Egreja dos Bravaes, quando elle passára ao Casal Novo, batiam apenas as nove horas: e depois de costear um lameiro d'herva magra parou a accender pachorrentamente um charuto, rente da velha ponte de pedra que galga o riacho das Donas. Quasi secca pela estiagem, a agoa escura mal corria, sob as folhas largas dos nenufares, por entre os juncaes que a atulhavam. Adiante, á orla d'um herva?al, no abrigo d'uma moita d'alamos, relusiam as pedras d'um lava

umos subiam, logo desfeitos no radiante ceu. E lentamente, como aquelles fumos distantes, Goncalo sentia que todas as suas melancolias lhe escapavam da alma, se perdiam tambem no azul lu

s janellas envidra?adas, remendos novos no telhado e um quinteiro que uma escura e immensa figueira assombreava. N'uma esquina pegava um muro baixo de pedra solta, continuado por uma sebe, onde adiante uma velha cancella abria para a somb

ada ao muro, um rapaz grosso, de barrete de l? verde, acarici

é o bom caminho para a quinta do Snr

orena, de bu?o leve, remec

a estrada até á pedreira, depois á esqu

Gon?alo, com um sobresalto, reconheceu logo o ca?ador que o injuriára na estrada de Nacejas, o assobiára na venda do

nsinar o caminho, homem! Este ca

fuso, que era de medo e de raiva. Um novo ultrage, do mesmo homem, sem provoca??o!

sou homem para levantar desordens n'uma estrada... Mas

to e saltou á estrada, affrontando a egoa, com

?o... E para diante é que Vossê já

lho e for?a, que se desencadeava do fundo do seu ser, gritou, atirou a fina egoa n'um gal?o terrivel! E nem comprehendeu! O cajado sa

utar de sangue. Com um berro o homem recuou, cambaleando. Gon?alo galgou sobre elle, n'outro arremesso, com outra fulgurante chicotada, que o apanhou pela b?ca, lhe rasgou a b?ca, decerto lhe espeda?ou dentes, o atirou, urrando, par

o selim, avistou o rapasote moreno ainda com a espin

, c

rido, corria lentamente através do terreiro, para

alagado de sangue. Estendendo as m?os incertas, ainda cambaleou, abateu, estalou contra a aresta d'um pilar, a cabe?a mais sangue jorrou. Ent?o Gon?alo, a arquejar, deteve a egoa. Ambos

ataram o

u a egoa, para o deter-que o velho esbarrou contra o peitoril que arfava coberto de suor e d'espuma. E ante o inquieto animal escarvando, e

meu Fidalgo, por alm

olhos:-e gosava soberbamente aquellas callosas m?os que se erguiam para a sua misericordia, invocav

a!... Vossê tambem n?o tem boa cara! Que ia vos

te os bra?os, offerecia o peit

casa nem um cajado!... Assim D

outra ca?adeira, desfechar trai?oeiramente. E ent?o com a presteza d'espirito que a lucta afiára concebeu contra qualqu

e mim, sempre a dir

ado. E batia com as grossas m?os nas

fidalgo! mas deixar assi

já se mecheu... E o outro ma

e odio... Mas logo o commando forte o empurrava: ?Marche!...? E marchava. Adiante, onde se erguia um cruseiro em memoria do Abbade Paguim, assassinado, Gon?alo reconheceu um largo atalho para a estrada dos Bravaes que chamavam o Caminho da Moleira. E para ahi enfiou o velho, que no pavor d'aquella asinhaga solitaria, pensando que Gon?alo o afastava de caminhos trilh

o Fidalgo n?o

a! Que agora

to do captivo, da lenta marcha. De resto antes que o homem agora corresse a casa, e agarrasse uma arma, e virasse pa

ra traz... Mas, antes: Como

ha, meu

mo se chama

boca aberta, e

paz Manoel... Manoel D

ente. E o outro malan

go, o vel

o de Nacejas, que chamam o Ca?a-abra?os

u e a tiro, que n?o ficam quites sómente com a sova, e que a

, for?ando as passadas derreadas, limpando o suor que lhe pi

bruto das suissas louras lhe atira a suja injuria-eis um n?o sei quê que se desprende dentro do seu ser, e transborda, e lhe enche cada veia de sangue ardido e lhe enrija cada nervo de for?a destra, e lhe espalha na pelle o desprezo e a d?r, e lhe repassa fundamente a alma de fortaleza indomavel... E agora alli voltava, como um var?o novo, soberbamente virilisado, liberto emfim da sombra que t?o dolorosamente assombreára a sua vida, a sombra molle e torpe do seu mêdo! Por que sentia que, agora se todos os valent?es de Nacejas o affrontassem n'um rijo erguer de cajados-esse n?o sei quê, lá dentro, no seu ser, de novo se soltaria, e o arremessaria, com cada

cerrado, offerecia uma entrada triumphal com os dous pesados batent

h Manoel! Eh l

ari?a, de mangas arrega?ad

. Tive agora lá uma grande desordem! Creio que dei cabo de dous homens... Ficaram n'uma po?a de sangue! N?o

ari?a escura. E de cima d'uma das varandas d

ue foi?! santo D

ra a varanda a historia da bulha, tumultuosamente. Um malandro que o insultára... Depois outro

tremulo agora do can?asso e da emo??o, esmiu?ou mais lances... Na estrada de Ramilde! Um valent?o que o injuriou! A esse rasgára a b?ca, decepára a orelha..

cut

rrivel!... Bem dizia o Titó!... Est

nt?o Gon?alo attentou no chicote, no sangue... Sangue de gente! sangue fresco, que

?a, vejam q

por se despir, se lavar,-galgou a escada, com o Barr?lo que enxugava o suor, balbuciava:-?Ora uma d'essas! E de repente! Assim na estrada!...? Mas no co

on?alo? Jes

milha??es, e no abra?o em que a colheu, nos fortes beijos que atirou á face querida, todo o seu amuo se fundio em ternura. Com ella ainda chegada ao cora??o, suspirou de leve, com

a desordem horrivel, eu que

ntro, e o sujo ultrage, o tiro que falhára e os malandros lacerados a chicote, e o velho marchando

se um dos homens

ainda necessitavam castigo tremendo d'Africa! O Gouveia! era necessario mandar a Villa-Clara, avisar o Gouveia!...

r?... Diz que uma

pecialmente para o Bento, que a bebia, n'um lento riso de gosto, crescendo, inchando, com

O que serviu ao Snr. Doutor,

o velho aio, que n'uma excita??o, gritava

mata um homem!... Os malvados est?o mortos!... E foi

sou o chapeu sobre o marmore da commoda, com um immenso ah consolado! Era o consolo immenso de se encontrar, depois de t?o violenta manh?, entre as doces cousas costumadas, pisando o seu velho tapete azul, ro?ando o leito de pau preto em que nascera, respirando pelas vidra?as abert

do com o Barr?lo, que subitamente

mo é que vos encontr

lle tambem espantado d'aquelle sumi?o depois do cesto dos pêcegos. De modo que ao chá, pensando tamb

llar comtigo, Gon?alo...

as almofadas no div

do?... Aborrec

flanella, que lhe cingia as ancas gordas, con

n?o póde confiar em ninguem

por suspeitas, talvez por intimidades que espreitára. Mas a emo??o suprema da sua batalha, sumira para uma sombra inferior os cuidados que, ainda na vespera, o opprimiam: todas as difficuldades da vida lhe appareciam agora, de repente, n'aq

nho? Succedeu a

i uma

A

uma larga carteira, de couro verde e lustroso, com monogramma d'

itado... Creio que até a mandou vir

carta-já amarrotada, depois alisada. Era, n'um papel pautado, uma lettr

s Lou

l André Cavalleiro, nosso Governador Civil. Com effeito a esposa de V. Ex.a, a linda Gracinha, que n'estes ultimos tempos andava t?o murcha e até desbotada (o que a todos nos inquietava) immediatamente reflorio, e ganhou c?res, desde que possue a valiosa companhia

lgibeira aquella carta que, dias antes,

tu déste importancia

tou, com as boc

nia entre mim e os rapazes... Nem voltei ao Club... Bac?co! Porquê? Por que eu sou simples, sempre franco, disposto a arranchar... N?o! se os rapazes no Club me chamam bac?co pelas costas, caramba,

a e o Cavalleiro teem namoro... é o que me parece que querem dizer! Ora vê tu que disparate! Até a intimidade do Cavalleiro é mentira. O p

algo pulou,

valleiro foi

rtiu ha

dem

emora... Só volta no mead

A

uas toalhas de rendas, ainda n'uma excita??o que o azafamava

a parelha. N?o imaginas! desde Oliveira, sem descanso, uma t

ara estuda

evivendo as surprezas e os rasgos, simulando os arremessos da egoa, arrebatando o chicote para

peu... Estou desconfiado q

. O Bento, no seu encarecimento da fa?an

ou de rasp?o

com a modestia

u já o bra?o lhe tremia... Devemos agradecer a Deu

Cavalleiro, essa mal a comprehendera, escassamente a attendera n'um desdem distrahido e candido. Mas a carta que assim silvava por sobre o bom Barr?lo como flecha errada-acertava em Gracinha, feriria Gracinha no seu orgulho, no seu impressional pudor, mostrando á pobre tonta como o seu nome e mesmo o seu cora??o, já arrastavam enxovalhadamente, pela rasteira mexeriquice das Lousadas!... Certesa t?o humilhadora n?o apagaria um sentimento-que se n?o apagava com humilha??es mais intimas, tanto mais dolorosas. Mas estimularia a sua re

nde está a S

a ha pouco para o se

ue Gracinha bordára, n'um arrastado labor d'annos, o A?or negro dos Ramires. E sempre que voltava á Torre Gracinha gostava de reviver no seu quarto, as horas de solteira, remexendo as gavetas, folheando velhos romances inglezes na estantesinha

correu da varanda, onde regava nos seus antigos vasos vidrados plantas sempre renova

ós virmos á Torre, justamente hoj

nto depois de desmontar, pensava assim, vagamente: ?mas que diabo faz aqui o Barr?lo? como diabo se acha aqui o Barr?lo?...? Curioso, hein? Foi talvez que, depois da desordem, me senti re

encostado á varanda, considerando a Torre, retomado pela ideia d'uma concordancia mais intima, que desde essa manh? se estabelecera entre elle e aq

r muito can?ado! Depois d'

s com fome. Com fome, e

regador, sacudindo

ar na cosinha, com a Rosa, n'uma pescada á hesp

nsonsa,

oi o Snr. Vigario Ge

java á pressa os ganchos do cabello, para aproveitar a solid?o f

eira? Lá p

a, nada...

a moldura do espelho, fino entrela?a

das tuas amigas Lousadas. Con

negou can

N?o! Nem tee

teem

ehender, Gon?alo arrancou vivamente da algibeira a carta q

afarmos! Ahi tens o que ellas ha

com ondas de sangue nas faces, apertando as m?os n'u

n?alo!

lo ac

lle me entregou esse papelucho... E a prova que ambos o consideram

ora e emmudecida pelo espanto, retendo grandes lagrimas que

nho arrependido! E acredita! por causa d'essa situa??o t?o falsa e t?o perigosa, que eu creei, levianamente, por ambi??o tola, passei aqui na Torre dias amargurados... Até nem m'atrevia voltar a Olive

edobrada ternura Gon?alo abra?ou os pobres hombros vergados que os solu?os espeda?

odos, que continue morto. Pelo menos que por fóra, em cada gesto

irm?o, ella gemeu c

bora!... Nem quiz es

ndera contra o seu peito, contra elle se apertava, como pr

ocega. N?o fallemos mais, nunca mais, n'este incidente... Por que foi apenas um incidente. E que eu provoquei, ai de m

mais certo e á consola??o mais desejada. E sahia, engasgado pela emo??o, re

! mas tu

a abra?ou, a beijou

ada, bem aconselhada, vaes mostr

te allumiada por uma claraboia ba?a, limpava as palpebras, quando es

m?os! Já desce!... Mas antes do almo?o vamos á cavallari?a.

egoa... Grande, briosa, hein! Mas aposto que ficou mais suada que as minhas... Imagina! uma trotada d'a

easse com uma ra??o larga de cenoura. Depois-para que Gracinha, com

rolinho! Precisas vêr, admirar progressos. Anda

o Pereira! Mas eu tenh

mbe

ria pensativamente a velha Gazeta do Porto. Apesar de muito banhados, os seus bellos olhos conservavam um ardor: e para

a mesa. Mas a minha vem da fome... Oh filhos, é que estou d

dra?ada, esbaforido, escancarando a bocca n'um riso immenso,

rou os bra?

o?! e

o rapaz, ao que dizem, pouco ferido. Se cahio, sem sentidos, foi com o susto. O Ernesto de Nacejas, esse sim, santo nome de Deus, apanhou. Lá o levaram em bra?os para casa d'um compadre alli ao pé, na Arribada. Parece que fica sem orelha, e que fica sem bocca!... Pois por todos aquelles sitios

que n?o passára damno mais forte, que

r lá, a fallar, a

do Fidalgo... E agora até contam que foi uma espera, e que desfecharam tres tiros ao Fidalgo, e

ue se forma! d

baixo a Rosa que abrisse, para o almo?o da familia, duas garrafas de vinho do Porto, velho. Depois com a m?o

ravessa de pescada á hespanhola-quando o pequeno da Crispola empurrou ainda a porta envidra?ada ?com um telegramma, que viera da Villa!? Uma inquiet

causa dos capitulos do Romance que

e os seus olhos affagavam:-?Capitulos romance recebidos. Leitur

travessa da pescada que Bento lhe apresentava, mas enchendo o copo de v

manh?... G

e essa semana, o derradeiro Capitulo da Novella, e depois cerrar o pregui?oso giro de visitas aos influentes Eleitorae

el com dous homens que me assaltaram a pau e tiro, e que castiguei severamente...? Depois, com facilidade atacou o lance de tanto sabor medieval, e

o contava, ainda a arfar de d?r represa, a morte de seu filho Louren?o, ferido na lide de Canta-Pedra, acabado á punhalada pelo Bastardo de Bay?o, deante das muralhas de Santa Ireneia, com o sol no ceu alto a olhar a trai??o! Indignado, o velho Castro esmurra?ou a mesa, onde um rosario d'ouro se misturava

bradou Mendo de Briteiros com as ve

vo, como convinha a uma vingan?a vagarosa e bem gosada, mais utilmente se

ê, D.

n?as, pernoitára certamente no solar de Landim. E com o luzir da alva, para encurtar, certamente retomava a galopada pelo velho caminho de Mirad?es, que trepa e foge atravez das lombas do Caramulo. Ora

dos cavalleiros curiosos, á claridade dos lumes inclinados, D. Garcia vergou o joelho, riscou sobre a terra, com a ponta d'uma adaga, o roteiro da sua ca?ada para lhe comprovar a belleza... D'além castello Landim, largaria com a alva o Bastardo. Por aqui, quando a lua nascesse, abalariam elles, com vinte cavalleiros dos Ramires e dos Castros, para que lidadores d'ambas as mesnadas gosassem a lide. Além, se postariam, alapados no mattagal, besteiros e pe

murmurou Tructe

atirando um faiscante olha

he escapavam os de Lara quando levaram o Rei Menino, na grande carreira, para Santo Estevam d

s cabritos da ceia, e os uch?es acarretavam, d'entre os

ia cheio. Batalhei, trabalhei.-?. Depois no seu quarto, em quanto se despia, tra?ou todo o alvoroto da briga curta em que o Bastardo como lobo em fojo quedaria captivo, á mercê vingadora

ambos com parabens ao Fidalgo ?por assim escapar de t?o terrivel espera, destro?ando

mas ao Bento. A nova da sua fa?anha, pois

diu o Bento. E o Snr. Dr. verá! o Snr. D

to. Ent?o Gon?alo, ainda nos bra?os do Gouveia, pediu generosamente, ?que se n?o procedesse contra os bandidos...? O Administrador recusou, decidido e secco, proclamando o principio da Ordem, e necessidade d'um escarmento rijo, para que Portugal n?o recuasse aos temp

veu a historia heroica, simulando com o chicote sobre o divan (que terminou por esga?ar) os golpes que arremessára imitando os tombos meio desmaiados do valent?o de Nacejas, quando já o sangue o

Gouveia bateu gravemen

e apparecer esta no

se em S. Francisco um Te-Deum de gra?as, de que elle costearia as despezas, com orgulho, caramba! á sahida, acompanhado pelo Titó, pelo Gouveia, pelo Manoel Duarte, por outros socios, encontraram o Vide

, com amor. E o cantar do Videirinha, eleva

es d'out

om grande

ce com u

estranhas

Ramires

sada g

for?a n

tem no

em vivas a Gon?alo, á Casa de Ramires. E o Fi

gente toda parece

boa! Era do Cavalleiro-que ?soubera pelos jornaes attentado, lhe mandava enthusi

s em Lisboa já fallam, Be

de Lisboa, da Condessa de Chellas; de Duarte Louren?al; dos Marquezes de Cója felicitando; da tia Louredo com ?parabens ao destemido sobrinho?; da marqueza d'Esposende ?esperando

us! mas que ter?o

m os seus parabens, offereceu um cestinho de cachos do seu famoso moscatel tinto; e por fim o Visconde de Rio-Manso, que agarrado a Gon?alo, solu?ou, no enternecimento quasi ufano de que a briga assim rompesse, na estrada, quando ?o querido amigo, o amigo da sua Rosa? se encaminhava para a Varandinha. Gon?alo, afogu

scadas para a livraria, de

ito os jorna

E logo no Seculo, soffregamente percorrido, encontrou o telegramma d'Oliveira, contando o assalto! os tiros disparados! a immensa coragem do Fidalgo da To

pujantes talentos da nova gera??o!? Os jornaes de Lisboa, glorificavam sobre tudo ?a coragem explendida do Snr. Gon?alo Ramires.? E o mais ardente era a Manh?, n'um verboso artigo (de certo escripto pelo Castanheiro), recordando as heroicas tradi??es da Casa illustre, esbo?ando as bellezas do Castello de Santa Ireneia e terminando por affirmar que ?agora, se esperava com redobrada anciedade a appari??o da novella de Gon?alo Ramires

ho, vae ter uma

fazer invejas) por que um dos meus pequenos, o Neco, anda muito constipado. Felizmente n?o é cousa de cuidado... Mas aqui todos, até os pequenos, anciamos por vêr o heroe, e n?o creio que houvesse nada d'extraordinario, nem d'um lado nem d'outro, em que o primo por aqui apparecesse além d'amanh? (quinta feira) pelas tres horas. Davamos um passeio na quinta, e até se merendava, á boa e velha moda dos nossos avós. Está dito? Muitos comprimentos, muitos, da Annica, e o primo cre

um chicote excellente. Emquanto á visita á Feitosa, que me seria t?o agradavel, n?o a posso realisar com fundo pezar meu, nem na quinta-feira, nem mesmo por todo este mez... Ando occupadissimo com o meu livro, a minha Elei??o, a minha mudan?a para Lisboa. A era dos cuidados sérios

E batendo o seu sinete d'armas

to do Titó me rouba

fins de Setembro, Gon?alo trabalh

a Viegas, o Sabedor, o bando de Bay?o, na sua a?odada corrida sobre Coimbra... Briga curta e falsa, sem destro e brioso ter?ar d'armas, mais semelhante a montaria contra um lobo do que a

eiros de Santa Ireneia, que Tructesindo guia, com a viseira erguida, sem broquel, sacudindo apenas uma ascuma de monte como se folgadamente andasse em ca?ada. Da selva arredada que os encobria, rompem por traz as lan?as dos Castros, ristadas e cerrando a brecha mais densamente que as puas d'uma levadi?a. Do recosto dos cerros róla, como reprêsa solta, uma rude e escura peonagem! Colhido, perdido, o Bastardo terrivel! Ainda arranca furiosamente a espada, que redomoinhando o cor?a de coriscos. Ainda com um fero grito arremette contra Tructesindo... Mas bruscamente, d'entre um escuro magote de fundeiros ba

omo rez apanhada ao recolher da montaria. E servos da carriagem ficam guardando o Cavalleiro soberbo, o Claro-Sol que allumiava a casa de Bay?o, a

heta pelos barbudos estafeiros leonezes. Todo o valle cheirava a sangue como um pateo de magarefes. Para reconhecer os companheiros do Bastardo, uma turma de cavalleiros desafivelava os gorjaes, as viseiras, arrancando furtivamente as medalhas de prata, os bentos, saquinhos de reliquias, que todos traziam como bem-tementes. N'uma face, de fina barba negra, que uma espuma sangrenta manchava, Mendo de Briteiros reconheceu seu primo Sueiro de Lugilde com

ento trabalho, findaria antes d'almo?o a sua Novella, a sua Obra! E todavia esse final, quasi o repellia, com o seu sujo horror. O tio Duarte no seu Poemeto apenas o esbo?ára, com esquiva indecis?o, como nobre Lyrico que ante uma vis?o de bruta ferocidade solta um lamento, resguarda a Lyra, e desvia pa

is de bem a?oitado, como vill?o, o vill?o que o matára. O velho D. Pedro de Castro, porém, aconselhava despacho mais curto, e tambem gostoso. Para que rodear por Santa-Ireneia, desbaratar esse dia d'Agosto na arrancada que os levava a Montemór, a soccorro da

arece, Snr

co de ferro, limpava nas rug

caminho, que de lá, por Tordezello e Santa Maria da Varge, endireitamos a Montemór, t?o direitos como v?a o corvo... Confiae em mim, Tructes

a, para cavalleiro

enhores e ami

ndae dar

rdo amarrado e entalado entre dois caixotes. E acaudilhada por D. Garcia, a curta hoste metteu para o Pego das Bichas, em desbando, com os senh

s cerros o Pego das Bichas. Era um lugar de eterno silencio e de eterna tr

d'ave em ba

?r junto de f

attagal, ri

ego, tenebros

eira, aberta com charcos lamacentos, quasi chupados pela estiagem, luzindo pardamente, por entre grossos pedregulhos e o tojo rasteiro. Ao fundo, a meio tiro de bésta, negrejava o Pego, lagoa estreita, lisa, sem uma ruga n'agua, duramente negra, com manchas mais negras, como lamina d'estanho onde alastrasse a ferrugem do tempo e do a

nta Maria, que nunca antes de nós, n'

ira d'agua, uma castellania famosa! Vêde além!-E mostrava na ponta do pego, fronteira ao barranco, dous rijos pilares de pedra, que emergiam da agua negra, e que chuva e vento polira

s bésteiros de Santa Ireneia. E, ao lado do ginete de Tructesindo, risonho e gozando a surpreza, ordenou ao Coudel que seis dos seus

Sabedor, franzindo as

es simplesmente afogar o vill?o

ra morte t?o quieta e sem malicia. Mas os miudos olhos

as tra?as. N?o! Nem enforcado, nem degolado, nem afogado... Mas chupado, senhores! C

avilhado, bateu o guant

. Garcia, é ter juntamente, para marchas e con

mira??o corre

a?a, bo

do, radiant

sfolar uma rez, toda a rude turma se abateu sobre o malfadado, arrancando por cordas que desatavam a cervilheira, o saio, as grevas, os sapat?es de ferro, depois a grossa roupa de linho encardido. Agarrado pelos compridos cabellos, filado pelos

com cordas mais grossas. Lentamente o seu furioso urrar esmorecia, arquejado e rouquenho.

a espalhada, como palanques em tarde de justa. Sobre uma rocha mais lisa, que dous magros espinheiros toldavam de folha rala, um pagem estendera pelles d'ovelha para o Snr.

tenebrosa lag?a que, com morte t?o fera e t?o suja, vingaria seu filho... E pela borda do Pego, pe?es, e alguns cavalleiros d'Hes

o nos peitos, a sua virilidade afogada n'outra matta de pello ruivo, e todo ligado por cordas de canave que o inteiri?avam. N'aquella rigidez de fardo, nem as costellas arfavam-apenas os olhos refulgi

! Corpo de manceba, se

u o sapato de ferro pe

?o claro, que se apaga

duas grossas lagrimas escaparam, lentamente rola

?a! Ju

a, que marchava, sacudia um

ta Ireneia, n'um perro matador!... Justi?a n'um perro, filho de

Depois quedou, saudou humildemente Tructesindo Ramires, o

radava o Senhor

o corpo branco foi mergulhado n'agua até ás virilhas, arrimado ao mais alto pilar, depois n'elle atado com um longo calabre que, passando pela argola de ferro, o suspendia, sem escorregar, t?o seguro e collado como um r?lo de vela que se amarra ao mastro. Rapidamente os bésteiros fugiram d'agoa, desentrapando logo as pernas, que palpavam, raspavam no horror das bichas sugadoras. Os outros recolhe

io, com as suas manchas, negras como uma lamina d'estanho enferrujado. Entre as cristas das rochas, archeiros postados pelo Sabedor, atalaiavam,

lentamente, n'agoa negra, as m?os descal?adas, que depois sacudiam, rindo, e mofando o Sabedor... Mas de repente um estreme??o sacudiu o corpo do Bastardo; os seus rijos musculos, no furioso esfor?o de se desprenderem, inchavam entre as cordas, como cobras que se arqueiam; dos bei?os ar

ia deteve o

sugas nem uma pinga d'aquelle sangue fr

endiam, chupando, logo engrossadas, mais lustrosas com o lento sangue que já escorria. O Bastardo emmudecera-e os seus dentes batiam estridentemente. Enojados, até rudes pe?es desviaram a face cuspindo para as urzes. Outros, porém, chasqueavam, ass

te inverno ser?o á lareira, por todos os solares de Minho a Douro, em que n?o volte a historia d'este Pego, e d'este feito! Olhae nosso

s da sua Honra-agora, vilmente nú, amarrado tambem como cerdo, pendurado d'um pilar, emergido n'uma agoa suja, e chupado por sanguesugas, deante de duas mesnadas, das melhores d'Hespanha, que miravam, que mofavam! Aquelle sangue, o sangue da ra?a detestada, n?o o bebia a terra revolta n'uma tarde de batalha, escorrendo de ferida honrada, atravez de rija armad

espessura d'uma selva, detivera muitas, que ondulavam, com um rasto de lodo. Um mont?o ennovelado sangrava um bra?o. As mais fartas, já inchadas, mais relusentes, despegavam, tombavam mollemente: mas logo outras, famintas, se aferravam. Das chagas abandonadas o sangue escorria delgado, represo nas cordas, d'onde pingava como uma chuva rala. Na escura agoa boiavam gordas postemas de sangue esperdi?ado. E assim sorvido, ressuman

o nos grossos nós das cordas, as barbas relusindo sob o suor que as alagára como

de um regato claro se arrastava nos seixos, por entre as raizes de amieiros chor?es. N'uma pressa esfaimada, saltando sobre as pedras, os pe?es corriam para a fila dos machos de carga, recebiam dos uch?es e estafeiros a fatia de carne, a grossa metade d'um p?o escuro: e, espalhados pela sombra do arvoredo, comiam com silenciosa lentid?o, bebendo da agoa do regato pelas concas de pau. Depois pregui?ava

rto e mudo deante do seu pend?o, entre os seus dous mastins, n'aquelle fero dever de acompanhar, sem que lhe escapasse um arrepio, um gemido, um fio de sangue, a agonia do Bastardo. Debalde o Castell?o, estendendo para elle um pichel de prata, gabava o seu vinho de Tordesillas, fresco como nenhum d'

ola e cheira bem, mas tudo enrodilha e esbandalha. Vêde como os meus por ellas penaram! Só meu pae, com aquella desvairan?a de zelos, em que matou a cutello minha d?ce madre Estevaninha. E ella t?o s

dro de Castro. E já com o

scarlate e negra com as viscosas pastas de bichas que o cobriam, latejando com os lentos fios de

os vagarosos, que revolvia em torno com enevoado pavor. Depois a face abatia, livida e flaccida, com o bei?o pendurado, escancarando a bocca em cova negra,

olhiam manteis e alforges. D. Pedro de Castro descera do cabe?o com o Sabedor até á borda da agoa lodosa, onde quasi mergulhava os sapatos de ferro, para contemp

as gritou ao Coud

se ainda resta alen

o de nojo palpou a livida carne, acercou da bocca, t

morto!

mas bichas teimavam latejando, relusindo. E outras ainda subiam, tardias. Duas, enormes, remexiam na orelha. Outra tapava um olho. O Claro-Sol n?o era mais que uma immu

que sacudia, o Coudel avan?ou par

e mandastes fazer no pe

belludo punho, com possante amea?a, bradou, n'u

te infame quem traidoramente me a

osta do cerro, atravez do matto, e co

avallo, se vos praz, Snr. D. Pedro de Castro

ndeou risonha

vós. A cavallo pois se vos praz! Que nos promette aqui o Snr. D.

amarrado ao pilar, na solid?o do Pego, a apodrecer. Mas quando a ala dos bésteiros e fundibularios de Santa Ireneia desfilou, uma rija grita rompeu, com chufas, sujas injurias ao ?perro matador?. A meio da escarpa, um bésteiro, virando, retezou furiosamente a bésta. A comprida garruncha apenas varou a agua. Outra logo zinio, e uma bala de funda, e uma setta barbada,-que se espetou na ilharga do Bastardo, sobre um

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